sem título

Tinta spray sobre parede de cimento.

2,5 x 5 metros

Aracati, CE.

2016


Pintura realizada a partir de uma residência artística na Casa Maré das Artes, Quilombo do Cumbe.


Clique na imagem para ver as seguintes.

Abaixo é possível conferir o texto sobre o projeto:

Cumbe

2016


Esse projeto foi desenvolvido a partir de uma residência artística, independente e ocasional, no espaço cultural Casa Maré das Artes, localizado no Quilombo do Cumbe, em Aracati, CE. É por lá que numa prateleira da biblioteca encontro o livro em quadrinhos de Marcelo D'Salete, com o título homônimo ao quilombo. Segundo o autor, Cumbe "nas línguas congo/angola tem os sentidos de sol, dia, luz, fogo e força trançada ao poder dos reis e à forma de elaborar e compreender a vida e a história.” Na história do Brasil, a constituição dos quilombos está diretamente associada ao contexto de lutas e resistências de povos de origem africana e seus descendentes, o que vem se dando também no território do Cumbe nesse momento. Atualmente os empreendimentos da carcinicultura (técnica de criação de camarões em viveiros) intensificam a ameaça ao modo de vida da comunidade tradicional no Cumbe. Criam conflitos entre os próprios moradores, poluem as águas e desmatam o mangue, constituindo uma ameaça ambiental, cultural e socioeconômica na região.

Na intervenção que fiz em um dos muros da comunidade está a representação do caranguejo, símbolo do mangue, com o ideograma Akoben* pairando sobre sua cabeça. Alguns moradores locais nomearam a pintura como “o caranguejo guerreiro pronto pra guerra”.


*Akoben é um adinkra, que por sua vez é um conjunto de ideogramas dos povos Akan. Dentre esses povos está o Ashanti, que atualmente ainda detêm um poder simbólico com seu reino existindo em paralelo com a democracia de Gana, no continente africano. Adinkras são símbolos que apresentam narrativas tradicionais da cultura desses povos. Akobem significa o chifre da guerra, simbolizando a vigilância ou o chamado para a luta.  Agreguei esse símbolo à pintura mural por tê-lo visto tatuado no braço de uma das lideranças do quilombo.